quarta-feira, 19 de abril de 2017

Arquétipos em Frascos de Medicamentos Homeopático

   Arquétipos em Frascos de Medicamentos Homeopático 

              

O trabalho da re-integração da mente e do cérebro no tratamento homeopático da doença mental  



Quando queremos compreender a natureza da mente nos voltamos para mestres tal como Carl Jung.
Quando queremos contemplar a natureza do desespero profundo, existencial, podemos recorrer a filósofos tais como Kierkegaard, Sartre,  e etc.  ou ao nosso mestre, padre ou  aconselhador espiritual. Quando queremos que um membro de nossa família  (nosso cônjuge, irmão ou irmã, mãe ou a criança) se recupere de sintomas de depressão, ansiedade, ou outro problema mental grave ,  pensamos em levá-los a um psiquiatra, que provavelmente irá prescrever  um agente químico psicotrópico. Estamos presos em um dualismo e contradição desconcertante. Uma atração intuitiva na direção da cura da mente e do espírito está  cada vez em oposição a uma aceitação  sem oposição  do pressuposto de que distúrbios mentais são o resultado de anomalias no cérebro.

Qual é a relação entre a mente e o espírito para o cérebro? Existe mais na mente do que apenas o  cérebro? Ou a mente
é meramente uma ficção, uma abstração poética, que podemos ignorar quando precisamos "levar a sério"  o tratamento da doença emocional? É óbvio  a  medicina "moderna" optou pelo modelo materialista e  reducionista, ou seja, que a doença mental e emocional é uma doença causada biologicamente e  quimicamente e que é tratável e expressa por desequilíbrios neuro-humorais com raízes na herança genética. Tratamento "real", portanto, consiste da gestão dos sintomas através de  modulação química dos neurotransmissores. O mapa médico do cérebro concentra-se nas sinapses entre os neurônios  e à nível molecular, os locais dos receptores da serotonina, dopamina e norepinefrina.


Um século atrás, muito antes da descoberta casual dos efeitos de elevação do humor de certas drogas uma revolução na psiquiatria tinha começado. Os médicos começaram a levar a sério as idéias do neurologista vienense Sigmund Freud. Na década de 1930, a idéia do "inconsciente", o "superego", a presença de pulsões instintivas e de supressão  tinham entrado na cultura popular. Os doutores levaram a sério a existência de "complexos" inconscientes, e a doença "neurótica" foi abordada com profundo respeito pelos símbolos dos sonhos e da imaginação, da necessidade de se conscientizar  os conflitos, traumas e emoções anteriormente reprimidos, da  possibilidade do poder curativo de trabalhar através de questões profundas em um processo de transferência com o terapeuta. Contudo foi o grande Carl Jung quem traçou um terreno ainda mais profundo da mente, postulando a existência de um inconsciente coletivo que continha impulsos arquetípicos, padrões primordiais e complexos míticos que se desenrolavam em um reino que influencia e transcende o indivíduo sofredor. Era através da integração desses impulsos arquetípicos individuais e coletivos que ocorre a auto-realização e a cura.


Podemos observar  como é diferente a análise computadorizada de PET-scans do cérebro a partir da cartografia de Freud e Jung! Por um lado, nos instalamos profundamente em uma linguagem arcaica repleta de descrições de lutas de poder mítico entre forças cósmicas do instinto e super-ego, Self e Ego, individuação versus regressão. Por outro lado, estamos deslumbrados por iluminação computadorizada de alta tecnologia de variações metabólicas entre cérebros  ou partes de cérebros  "doentes" versus cérebros "normais"! É como se a realidade subjetiva da Mente estivesse em um universo completamente diferente da realidade objetiva, dissecada por nossos sofisticados dispositivos de imagem. Temos provas de que o cérebro existe e boa evidência de que os desequilíbrios neurotransmissores desempenham um grande papel na perturbação mental. Que prova  temos para a existência da mente? Temos terapias baseadas na química do cérebro. Onde está a nossa medicina (além de conversa) com base no mapa da mente traçado por Freud e Jung? Mesmo os terapeutas da fala parecem estar se afastando dos conceitos baseados na psicologia profunda (baseados na existência ontológica da mente com profundidade)  em direção à modelos de tratamento que, por exemplo a terapia cognitivo-comportamental, parecem complementar melhor uma abordagem principalmente clínica e psicofarmacológica a saúde mental.

A psicofarmacologia e a psicologia da profundidade operam a partir de dois paradigmas fundamentalmente diferentes. Você pode imaginar um diálogo entre as duas disciplinas? É difícil, porque não só falam em línguas totalmente diferentes, mas também operam a partir de suposições muito diferentes. Não é surpreendente, então, que, apesar dessa incongruência, a terapia "combinada" de drogas e conversas se tornou o padrão de atendimento? A suposição não provada, mas aparentemente comum, é que o tratamento farmacológico do "componente biológico" de uma doença psiquiátrica permite ao paciente avançar na terapia. O modelo implícito é que a "depressão", a "ansiedade" ou outro distúrbio mental podem ser separados em componentes biológicos, cognitivos e afetivos (emocionais). Sem abordar o primeiro com um agente biológico "sério", o paciente pode ficar "preso" em seu trabalho terapêutico. Este modelo desajeitado é atrativo porque acasala a eficácia assim chamada dos agentes biodinâmicos (drogas farmacológicas) com nossa atração intuitiva para a terapia orientada ao insight (introspecção).

E  se houvesse um sistema de medicina que mais verdadeiramente complementasse os insights ou percepções dos psicólogos de profundidade? E se pudéssemos colocar um arquétipo em uma garrafa, por assim dizer, para que a percepção e o auto-reconhecimento pudessem se desenvolver simplesmente tomando uma pílula? E se, depois de desenterrar um dilema profundo e profundamente sofrido por um paciente, um terapeuta pudesse dar ao paciente um remédio que realmente ajudasse a resolver esse dilema, esse conflito central, dentro de suas células? Todos nós sabemos e reconhecemos a divisão entre a cabeça e o coração quando o vemos. Um paciente pode explicar com uma sofisticação surpreendente como ele veio a ser como ele é. Essa compreensão traz necessariamente liberdade? Não, não traz quando fica na cabeça! Não, quando o sentimento é profundo dentro das células. E este é o caso com todos nós.
 

Uma medicina verdadeiramente holística não agiria pela manipulação da química do cérebro para reprimir  os sintomas de síndromes clínicas em estágio final, mas deveria refletir de volta para o paciente uma imagem que ressoa com sua própria maneira particular de ficar fora de equilíbrio, portanto ajudando o individual retornar  a um lugar de equilíbrio psicológico. Este tipo de medicina faz exatamente o que um bom terapeuta faz: refletir de volta para o paciente uma imagem que é verdadeira em sua correspondência com seus sentimentos e dilemas  mais profundos.


O que é necessário, então, é uma receita que codifica essa reflexão terapêutica de tal forma que possa ser assimilada, compreendida e respondida a nível celular. O organismo precisa processar a auto-compreensão não intelectualmente, mas fisiologicamente e "energeticamente". Tal prescrição iria refletir de volta para o paciente uma mensagem holográfica, codificada que estimula um processo de cura a partir de dentro. Estou falando de um remédio que é principalmente informacional  e não material. É informativo de uma maneira altamente específica e matizada. A informação não é apenas sobre onde o paciente está agora; o remédio  codifica holograficamente o caminho ao longo do qual o indivíduo viajou para chegar ao seu lugar psicológico particular e, portanto, aponta a maneira como ele pode virar e viajar na direção oposta!


Homeopatia está se tornando entendida tal qual como um medicamento. Como tal, é revolucionária em sua abordagem. Em vez de relegar a psicofarmacologia ao papel da manipulação grosseira dos níveis de neurotransmissores sinápticos, o medicamento homeopático  escolhido torna-se um símbolo ativo e um mediador da compreensão mais profunda alcançada pelo paciente e homeopata. Em vez de induzir quimicamente o paciente a sair de uma rotina presumivelmente biologicamente determinada, o remédio informa ao paciente, a um nível fisiológico profundo, como escalar por si só, de sua postura disfuncional e inadaptada aos desafios da vida para um lugar de maior liberdade, flexibilidade, e equilíbrio. A diferença aqui é entre erradicar ou reprimir  os sintomas pela força da química, versus oferecer ao paciente um modelo com o qual ele vai se livrar de seu sofrimento no raiz ou no seu centro.


 O clichê dito por aí “ a mente e o corpo estão conectados” se tornou moda de expressão  mas sem nenhum profundidade e usada superficialmente. Podemos então aceitar o fato de que a mente e o corpo são dois aspectos, duas expressões, do mesmo organismo e de todos os seus conflitos? O sofrimento não é meramente um epifenômeno* de mau funcionamento orgânico. É uma expressão da consciência. A psicofarmacologia presume que as anormalidades bioquímicas causam a depressão. Talvez a verdade mais profunda seja que a mente e o espírito do organismo - o que os homeopatas chamam de força vital - usam o corpo, incluindo o cérebro, para expressar sua doença! A natureza dos sintomas;  a constelação única de sintomas mentais, emocionais e físicos; forma uma descrição detalhada e descritiva da condição interna do organismo. Sintomas, na sua natureza essencial, não são sequelas acidentais de fiação defeituosa ou processos patológicos. São as letras e as palavras desta afirmação! O organismo está expressando seu estado, e os sintomas são os materiais de trabalho de sua expressão.

Assim, da próxima vez que for confrontado com um problema psicológico em um ente querido, um amigo ou em si mesmo, não assuma que o tratamento "sério" tem de ser químico. O tratamento mais curativo, profundo e moderno é também o mais suave, porque ele trabalha com a própria unidade do organismo para o equilíbrio e cura, e por isto é também o mais saudável e permanente. A homeopatia não fragmenta o indivíduo em psique por um lado, e soma por outro, daí a cura que ela provoca no plano emocional também se torna evidente no plano físico. Por fim, a homeopatia nos dá uma idéia de como entender nossos sentimentos e nossa situação que não separa nossa mente de nosso cérebro, nossa cabeça de nosso coração e nossa atração intuitiva para aquilo que é profundo da nossa necessidade de fazer o que é prático.
Quando a homeopatia é compreendida pela psiquiatria e pela comunidade de saúde mental, ela trará uma revolução no tratamento da doença mental. Quando a homeopatia se torna o tratamento de escolha para a maioria das doenças, ela mudará para sempre a nossa compreensão do papel da consciência na saúde e na doença.


Glossário: 

* Epifenômeno: fenômeno que vem juntar-se a outro, mas sem influenciá-lo.









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