terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Uma visão geral sobre a história da Homeopatia e da Medicina Ortodoxa


Dra. Renata Hines (renata.hines@virginmedia.com)

Fazendo um gancho a partir do meu último artigo publicado neste jornal e intitulado “Abraham Lincoln e a Homeopatia”, eu  vou expor, em várias partes e de modo resumido, sobre a história da homeopatia, os fatores de seu avanço e de sua queda a qual já foi resumidamente citada no artigo prévio acima mencionado.

A Homeopatia se tornou extremamente popular no EUA e Europa. Seus defensores, entre muitos,  faziam parte da realeza européia, empresários americanos, gigantes literários e lideres religiosos. Contudo no auge da sua popularidade, ela se tornou alvo de animosidade profunda e oposição extrema da medicina do “status quo” vigente. O conflito entre  a homeopatia e a medicina ortodoxa foi amargo  e  longo.  Sabemos quem ganhou a primeira etapa deste conflito, e estamos à espera da segunda etapa. Brevemente, muitos se conscientizarão de que uma “luta” por curar doentes é inapropriada, uma vez que várias e diferentes abordagens em relação à cura são necessárias.

Samuel Hahnemann ( 1755-1843)

Ela começou com as descobertas feitas pelo seu fundador, um médico alemão, Samuel Hahnemann (1755-1843). 

Hahnemann era conhecido por ser um rebelde audacioso e sem medo de dizer o que pensava e de questionar as verdades comumente aceitas. Em suma, ele era um individuo que usava o raciocínio e era um profundo pensador e cientista à frente de seu tempo. Hahenmann sofreu muita perseguição pelos médicos ortodoxos e farmacêuticos chegando a ser preso e ter sua licença para praticar medicina removida. 

Mais tarde, devido a sua fama na Europa por curar doentes, o o Grão-Duque Ferdinand instaurou a Hahnemann permissão especial para exercer medicina e dispensar seus próprios remédios homeopáticos e Hahnemann se tornou o médico pessoal desta realeza.



Apesar de toda esta perseguição detalhada de maneira resumida acima, a Homeopatia continuou a crescer; e se expandiu não somente porque oferecia uma abordagem sistemática de tratar doentes, mas também porque a medicina ortodoxa (convencional) era ineficaz e até perigosa. Sabemos que atualmente existe uma concordância de opinião entre os historiadores da medicina, de que a medicina ortodoxa dos séculos 1800 e 1900 muito frequentemente causava mais dano do que bem.


Estatísticas em relação àquela época são de que sangrias e aplicação de sanguessugas eram práticas comuns. Um médico francês costumava afirmar jocosamente que ele havia derramado mais sangue durante o exercício de sua profissão do que todas as guerras napoleônicas.  Para termos uma ideia, somente em 1833, mais de 41 milhões de sanguessugas foram importadas para a França. Nos EUA, uma importadora importou 500.000 sanguessugas e sua concorrente importou 300.000. Além de sangrias e sanguessugas, a medicina convencional usava remédios feitos de mercúrio, chumbo, arsênico e várias ervas fortes para ajudar expurgar o corpo do material que causava doença.

A combinação do atendimento médico precário e a reação perniciosa contra a homeopatia é certamente compreensível quando lemos sobre a educação na formação de um médico na época.

Sabemos através dos registros deixados por Nathan S. Davis em 1845, homem tido como a força propulsora da associação médica americana, como a educação medica ocorria. 

Era um processo onde para alguém se tornar um médico, o indivíduo só precisava ser admitido em um consultório de outro medico e ter acesso a alguns livros de medicina comuns, atender paciente uma vez por mês e talvez participar de um exame post-mortem rápido uma vez por ano; e no decurso de 3 anos, o indivíduo, portanto gastou um ou dois ciclos de aulas nas faculdades de medicina, onde toda a ciência da medicina (incluindo anatomia, fisiologia, química, patologia, jurisprudência médica, prática cirurgica de medicina e obstetrícia) eram todos aglomerados em sua mente, no espaço de 16 semanas.  

Apesar do fato de historiadores e cientistas da atualidade consideram a medicina do século 1800 e 1900 como anticientífica e até bárbaro; os médicos ortodoxos tinham a audácia de adjetivar a homeopatia como charlatanismo, anticientífica, sectária, diabólica.


Constantine Hering (1800-1880) - O pai da homeopatia americana
Por que tanta oposição a Homeopatia?

 A homeopatia representava uma grande ameaça para a medicina arraigada. Fito- terapeutas, parteiras, e vários outros profissionais ”não-ordinários” eram criticados pelos médicos ortodoxos porque estes não eram treinados medicamente. 
Contudo devemos nos lembrar também  a outra  razão principal é poder. O ser humano, em sua maioria, deseja ter poder. 
 Os homeopatas, porém, não poderiam ser tidos como iletrados ou incultos, uma vez que estes eram formados nas mesmas escolas medicas que os médicos “normais”.  


Uma das razões era porque a homeopatia oferecia( e oferece) de forma integrada, coerente e sistemática  para uma pratica terapêutica por ser simultaneamente filosófica e experimental; e devidamente por isto; ela era(e ainda é) para muitas pessoas mais cientifica do que a medicina ortodoxa.
As companhias farmacêuticas( na época - farmacêuticos misturavam elementos/compostos químicos)  e a medicina convencional tinham ( e têm)  repugnância a homeopatia porque era (e ainda é)  intrínseco à abordagem homeopática, uma crítica afiada do uso de medicamentos convencionais. 

Homeopatas eram e são  essencialmente críticos da natureza supressora destas drogas.  Uma vez que, homeopatas perceberam e induziram por observações e lógica que estas drogas simplesmente mascaram os sintomas da pessoa, criando doenças muito mais graves e profundas. 

Os homeopatas também observaram que este mascaramento de sintomas faz com que seja mais difícil para eles, finalmente, encontrar o medicamento homeopático correto, uma vez que os sintomas idiossincráticos (realmente característicos e próprios da individualidade) da pessoa são os principais guias para a seleção individual do medicamento.

Os princípios de Hahnemann, portanto, representavam uma ameaça filosófica, clínicas e econômica para a medicina ortodoxa.

Homeopatia começou a crescer no Novo Mundo logo após homeopatas europeus começaram a emigrar para USA.  O primeiro homeopata a emigrar para EUA foi o holandês  Hans Gram  em 1825. A homeopatia se expandiu  tão rapidamente que os homeopatas decidiu criar uma sociedade médica nacional. Em 1844, eles organizaram o Instituto Americano de Homeopatia, que se tornou a primeira sociedade médica nacional dos Estados Unidos. 

Como resposta ao crescimento dos homeopatas, em 1846, um grupo de médico ortodoxos rival se formou e prometeu retardar o desenvolvimento da homeopatia. Esta organização se deu o nome de  Associação Médica Americana. Este grupo rival a homeopatia trabalhou incansavelmente para retardar a homeopatia, como vocês verão mais para frente no artigo. 

Os membros da associação médica americana (AMA) tinha uma longa animosidade em relação à homeopatia e aos homeopatas. Este sentimento era tão forte que, logo após a formação da AMA, foi decidido remover todas as sociedades médicas locais de médicos que eram homeopatas. 

Este expurgo foi bem-sucedido em todos os estados, exceto Massachusetts. Isto porque a homeopatia era tão forte entre a elite de Boston que a AMA permitiu essa exceção, contanto que a sociedade de Massachusetts concordasse em não permitir  afiliação de que qualquer outro novo membro homeopata. Então, em 1871, os oito médicos restantes foram expulsos da sociedade por crime hediondo de serem homeopatas.

Em 1882, a AMA se recusou a reconhecer os delegados da Sociedade Médica do estado de  Nova York, porque esta sociedade tinha passado recentemente uma resolução que reconhecia todos médicos corretamente graduados ( incluindo se, assim, médicos homeopatas).

Além de manter os homeopatas para fora de suas sociedades, a AMA queria desencorajar qualquer tipo de associação com os homeopatas. Em 1855, a AMA estabeleceu um código de ética que afirmava que os médicos ortodoxos perderiam sua adesão a AMA  se estes se consultassem com um homeopata ou qualquer outro praticante "não-regular".  Naquela época, se um médico perdesse sua adesão à sociedade médica local, isso significava que, ele também já não tinha licença para praticar medicina em alguns estados. Muitas vezes, os médicos ortodoxos, que controlavam as sociedades médicas, não admitiam a afiliação de médicos homeopatas e, em seguida, providenciavam a prisão deste médico por praticar medicina sem licença. Contudo, em  última análise, os homeopatas criam as suas próprias sociedades locais e estabeleceram seus próprios conselhos médicos.

Numa altura na medicina americana, quando os médicos convencionais eram muito raramente, ou nunca, repreendidos por conduta má ou antiética pelos seus colegas médicos, o código de ética em consorciar com homeopatas foi regularmente cumprido.  
Um médico de Connecticut foi expulso de sua sociedade médica local por se consultar com uma homeopata, que era sua esposa.  Um médico de Nova Yorque foi expulso por ter adquirido açúcar de leite de uma farmácia homeopática. O cirurgião geral dos Estados Unidos, Joseph K. Barnes,  foi denunciado por ajudar no tratamento do secretário de estado William Seward na noite em que ele foi esfaqueado e Lincoln foi baleado, simplesmente porque o médico pessoal de Seward era um homeopata.
modus operandi da AMA ( associação medica americana) em relação aqueles que não fossem médicos convencionais e defensores das drogas farmacêuticas, especialmente homeopatas, era verdadeiramente o de caça as bruxas para realmente exterminar a homeopatia; e isto não difere muitos do que ocorre em tempos atuais embora maneira extremamente discreta e com a ajuda de corporações farmacêuticas que na verdade visam o lucro.

Artigo a ser continuado na próxima edição.


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